Escrevi este texto em honra de um colégio que muito continua a ensinar aos pequenos da Madeira.
Breve crónica sobre o Colégio do Infante
Mais de meio século a marcar a educação na Região
Haverá honraria que corporize o contributo do Colégio do Infante para a educação e formação de muitos jovens madeirenses?
Em 2013, faz 55 anos que o Colégio saltou da Quinta Favilla, na avenida do Funchal que lhe havia de dar o nome, para o Grande Hotel Belmonte, situado na Sintra da Madeira.
A mística que envolve esta instituição é pessoal e intransmissível. Razão porque o tempo pode pouco contra as histórias e memórias da infância no Colégio. E esta é a minha pequena homenagem.
Ser do Colégio do Infante é pertencer a uma família, a um ícone, a um enorme quadro de imagens para vida. O recreio no Colégio do Infante era uma aventura constante, entre correrias sem nexo ou batalhas organizadas entre bons e maus. O recreio vivia-se entre lagos com patos, riachos e cascatas a alimentar os jardins, sobre as pontes pintadas de verde arbusto e as bolotas caídas no chão.
Estudar no Infante foi – e é ainda – uma constante lição de vida, porque ali vive-se a escola para além da escola...
O sabor do cinema nasceu nas sextas-feiras, no pavilhão do Colégio, quando assistimos aos velhinhos filmes do Chaplin ou do Herbie, passados pelas bobinas colocadas pelo padre Mário Casagrande, um dos homens que marcou o crescimento do Colégio do Infante e mais tarde o da APEL. Quantos se lembrarão do padre Ângelo, do paciente padre Batista e do irmão Luís, este último, impulsionador de um dos ex-libris do Colégio: o andebol!
Aliás, no Infante, este desporto tornou-se num dos fios condutores da relação entre o passado e o presente, como são também os professores que foram alunos da professora Celeste ou da professora Fernanda, aquela senhora que era dona de uma reputação difícil e de uma enorme régua de madeira.
As fotos que nos fazem regressar ao passado, agora espalhadas pelas redes sociais, relevam o Belmonte rodeado de camélias mas não falam dos carris do Caminho do Comboio, curvados pela segredo da idade por terem feito história, secretos porque tapados por erva da altura dos pequenos alunos e escondidos entre a estrada de basalto mal amanhada e esquecida.
A casa de chá no canto do hotel, as fotos de família espalhadas pelos corredores do Colégio, o castelo da actual Fundação Berardo, perdido entre uma floresta de mato e árvores portentosas, tantas vezes palco de aventuras desmedidas, eram iguais peças do puzzle que ajudou a construir gerações de alunos e de pessoas, certamente com outras lembranças e sublinhados a registar.
Cumprido meio século, a congregação Dehoniana tem levado este projecto educacional muito longe, acompanhada pela comunidade e pelo corpo docente, empenho corporizado nos projectos desenvolvidos pela Associação de Pais que arvora o lema: “Família unida, para um futuro com esperança”.
Agradeço ao Diário a oportunidade para dizer que os bons projectos educacionais merecem ser valorizados e o exemplo dos muitos que passaram pelo Infante é a melhor prova disso. Todos os anos, esta mística é celebrada no dia 8 de Dezembro, no Colégio.
Marco P. Freitas
Ex-aluno do Colégio do Infante
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