Segunda-feira, 9 de Maio de 2011

Chamei-te simplesmente Braga...

 

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Braga de outros tempos foi Braga do reencontro com as histórias, com os sonhos partilhados, com as alegrias libertadas, com as lágrimas perdidas, com a aventura da libertação e da anarquia do pensar, do ser e do agir.

 

Sempre soube... Perdi e ganhei, fui conquistado e conquistei, sofri e fiz sofrer, dei e recebi, fui triste e feliz... Sempre soube mas só agora levantei a pedra que guardava os tesouros de então. As amarguras, os amores e as desuniões. Tudo isto regressou num encontro que vaporizou mais de uma década de ausência.

 

O encontro das memórias distantes, alimentadas nas histórias contadas com orgulho ao longo do tempo, como se de ficção se tratassem para manter o desprendimento com o passado, deu lugar à paixão do reencontro.

 

Escrevo para registar, registo para guardar e revisitar.

 

Lembro-me dos cantos secretos dos primeiros beijos, mágicos e intermináveis. Estão lá ainda, únicos e secretos. À chuva, quantas vezes!... Como neste encontro, a chuva regou as histórias e as vidas que se cruzaram em Braga.

 

Ruas da cidade beberam, sem saber, sem querer, sem distinguirem, porque não era o único, as lágrimas que escorreram junto com as gotas caídas das nuvens negras.

Percorri ruas estreitas, sozinho ou entrelaçado no amor e nos ébrios sentimentos em constante rodopio.

 

Sobrevivi à queda vertiginosa dos fracassos, dos medos e dos remoinhos que me puxaram só porque muitos abraços me desmontaram e reconstruíram.

Tornei-me, sem dúvida, alguém... Foi em Braga, sei agora. Sei que aquilo que sou e vou ser teve uma semente, um campo onde foi lavrada.

 

Regressar foi a mais bela fuga ao presente, que teima em nos bombardear com a irreversível visão do futuro sempre a carrilar trilhos calculados.

Revisitei rostos e nomes num palco tornado presente por vontade de beber a receita da nossa juventude e de misturar os sabores agridoces do antes e do agora.

 

Há sorriso e olhares que não se perderam. Ficaram simplesmente arrumados no baú da ditadura do pensamento, aquela que vai determinando as opções para os nossos caminhos, e tantas vezes recusa o valor da memória.

 

Há sentimentos que roçaram a pele em inomináveis toques de pura paixão que foram criados para serem história da nossa alma.

 

Vivi copos vertidos sem destino, sem objectivo, cujo único sentido confirmou-se na amizade, no amor, no desejo, na liberdade de dizer sim quando devia ser não e de negar quando o sim teria despertado outras viagens.

 

Na manhã do regresso a ti Braga, soltei, creio eu, um suspiro... Acho que respirei fundo para consumir o ar que me permitiu ser ali alguém, há tanto tempo, há muito tempo, como se tivesse sido hoje.

 

Marco Paulo Freitas 

 

publicado por Marco Freitas às 12:17
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